sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Convite

Convido os simpatizantes do finado Trapeiro a conhecer o Blog do Newton Molon: https://newtonmolon.wordpress.com/

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domingo, 20 de novembro de 2011

Santa Paciência

Quando era criança sabia o dia e a hora certa da série de televisão que gostava e esperava por ela ansioso. Não importa qual era, não é disso que se trata. Talvez fosse " Cyborg: O Homem de Seis Milhões de Dólares", "Ultamen", ou qualquer outra bobagem como as que existem hoje.
Com outras coisas era parecido: refrigerante no fim de semana; a mulher do yakut que passava na porta de casa exatamente ao meio dia; brinquedos no aniversário e no natal; tênis e roupas novas só quando meus pais podiam e achavam necessário; viagens nas férias; compras de supermercado, uma vez por mês...
Quando adolescente, também era assim. Namorava um disco por meses e, enquanto isso, me satisfazia esperando tocar no rádio uma das músicas queridas para gravar em fita cassete, me esmerando para pausar antes do locutor falar qualquer coisa. Uma volta de fusca no quarteirão, na hora de manobrar o carro durante a farsante lavagem de sábado. Dias e dias esperando, pelo correio, uma resposta de uma nova amiga da praia, cuja amizade povoava meus sonhos de cada noite. Ir ao cinema com amigos e tomar lanche depois era um evento que exigia planejamento e economias. A insegurança de uma namorada para qualquer ousadia era uma espera conjunta e sagrada.
Logo fui trabalhar e, como no trabalho ninguém esperava muito pelas coisas, comecei a perder a paciência também. Passei a saber esperar apenas as duas coisas que te ensinam a esperar: a hora de ir embora e o dia do pagamento. Todo o resto comecei a querer agora.
Enquanto isso, o mundo acelerou e hoje parece que a lógica que aprendi trabalhando é a mesma lógica das crianças, dos adolescentes, dos adultos, dos artistas e dos poetas.
Não sei como vai ser para quem já nasceu num mundo impaciente, onde se baixa na hora todos os episódios da série e um minuto num chat parece uma eternidade. Não digo que antes era melhor. Mas sinto que para desfrutar as melhores coisas que a vida oferece: uma criança crescer, um botão de rosa abrir, o baixar da maré, um pássaro construir seu ninho, o sol terminar de se pôr, um amor verdadeiro ser reconhecido... é preciso ter paciência.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Comunhão Parcial de Bens

Já tinha passado muito tempo quando se encontraram de novo, anos, décadas, vidas inteiras, dias completos. Mas continuavam parecidos. Ambos tinham cicatrizes, filhos, hipotecas, tentativas frustradas e acompanhada solidão. Ambos tinham também contas a acertar um com o outro, mas nisso havia uma diferença: ele sabia e admitia, ela também sabia, mas achava que não. Foi ele quem a procurou numa rede social, deixou a primeira tímida mensagem, convidou-a para um café e falou primeiro: te chamei para esse café para te dizer que está na hora de nos separarmos.
Você continua um brincalhão! Não nos vemos desde que você apareceu com sua namoradinha cineasta na minha vernissagem. Afinal, não deu certo com ela? Muito jovem?
Deu certo sim, ainda estamos juntos e temos uma filha, como você e seu escritor velho demais. Mas não é disso que se trata. Estou falando de nós dois. Quero de volta o que é meu e está contigo.
Nina Simone? Aldo Bonadei? Em Busca do Tempo Perdido? Muitas vezes quis te enviar por Fedex, mas não sabia seu endereço.
Você também continua uma brincalhona! Não quero o que te deixei, quero o que você tomou de mim.
Você continua indecifrável! Está falando de amigos, lugares, valores, referências? Ora, isso eu não tomei, simplesmente tornou-se meu também.
Não, não, claro que não! Isso tornou-se seu, como tornou-se meu em algum momento igual. Falo do que era meu e só meu, mas você tomou de mim.
Vamos lá então! Estou disposta a te entregar de volta tudo que era teu e roubei sem me dar conta.
Está?
Estou. Desde que você não reivindique aquilo que, na verdade, acho que é meu por direito.
Você também continua indecifrável! Tá bem... será que você é capaz de me devolver a possibilidade de amar alguém como eu nunca deixei de amar você?
Você continua um pragmático escroto! Nos vemos no tribunal!
Casa comigo de novo, então.
Claro que não. Você é louco? Nos vemos no tribunal! Está aqui a minha parte da conta!
Espera... espera... Ladra maldita!... Devolva o que é meu!... Casa... comigo...outra...vez... então...

terça-feira, 17 de maio de 2011

Filho pródigo

Era uma vez o melhor dos sonhos. Era o melhor porque além de perfeito, parecia tão real que ninguém diria que era sonho. Nasceu numa quinta-feira encantada, todos os sonhos nascem em algum momento encantado, mas só o melhor deles nasce numa quinta feira. Tê-lo em minha manjedoura era o maior dos privilégios. Tornei-me devoto dele. Bem nutrido, o melhor dos sonhos cresceu com vitalidade, ficaram no seu rosto, é claro, algumas cicatrizes da infância. Assumi minhas responsabilidades e me penitenciei pelos equívocos na criação.
O melhor dos sonhos, na meninice, continuou inquieto e inquietante, ganhou, por isso, novas cicatrizes. Eu seguia orgulhoso, responsável e penitente.
Na adolescência, o melhor dos sonhos se expandiu, ganhou o mundo e adiquiriu postura. Perdi qualquer controle sobre ele, aliás, deixei que me ensinasse, me ensinou. Foram dias incríveis!
Ele já era adulto quando me convenceu de que minha vida estava errada e de que era a hora de seguir o caminho que ele me mostrava. Embora já seguisse, entendi, e arrisquei mais; ele estava certo! Era mesmo o melhor dos caminhos e vi, finalmente, a lindeza da vida pelo seu prisma. Já não sabia mais o que via se ele não me dissesse.
Um dia, faz pouco, o melhor dos sonhos simplesmente foi embora. Não deixou nem mesmo uma carta ou mensagem, simplesmente foi. Deixou-se diluir no universo.
Talvez volte, talvez não. Talvez volte irreconhecível, talvez não. Mas fico tentando ver na cara de cada sonho que passa se ele não é o melhor deles. Vejo que não. E não paro de me perguntar: "onde foi que eu errei com esse menino?".
Desnecessário dizer que, ao filho pródigo, a casa estará sempre aberta.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Osbama: now, we really can


Preciso dizer aqui algumas coisas que tenho dito por aí sobre o fim do duelo entre Osama e Obama.
1. Morreu mesmo o primeiro. Não tenho dúvidas, mesmo que o corpo não bóie. Parto do princípio que se o presidente dos EUA falou de madrugada que morreu, então morreu. Não que seja devoto, longe disso, simplesmente sei, mais ou menos, o que está em jogo. Americanos toleram, às vezes gostam, de presidentes canalhas, mas não suportam canalhas mentirosos. É assim desde George e nem Bush saiu impune. Disse que havia armas de destruição em massa e invadiu. Não havia, mentiu. Renovou com isso o espírito democrático do povo que, sim, podia e Obama se elegeu, não pode mentir.
2. Não capituraram e julguram, porque não. A encarnação do mal não precisa de julgamento. Tem que ser muito politicamente correto para sair em defesa de tratamento humanitário ao Diabo. Claro que não creio em diabos (seria muito desvantajoso para quem não sabe crer em deuses), mas Osama caprichou em suas maldades. Além disso, quando já era mau, foi amigo de seus atuais inimigos. Ninguém gostaria de ouvir o que ex-amigos, agora inimigos, tem a dizer a nosso respeito.
3. Tem coisas que até podem ser explicadas pelo seu conteúdo, mas não pela sua forma. Tenho ideia do que soldados de qualquer época podem fazer quando capituram um inimigo, ou para capiturar um. Mostrar isso pode obscurecer o brilho da façanha e não o contrário. Melhor deixar a coisa por conta da imaginação da mídia e só alimentar com alguns detalhes que não permitem desvendar o enrredo. A mídia agradece e a informação perde, como quase sempre, para o entretenimento.
Isso é só mais uma hipótese para a falta de transparência.
4. Não acredito em nova onda de terrorismo. Talvez um ou outro homem bomba. Obama sabe: com uma década de pesados investimentos militares em tecnologia de combate ao terrorismo; com o retrocesso dos direitos civis pelo mundo (ligações gravadas e correspondências violadas); com quase todos os países que poderiam servir de QG para o terrorismo de grande escala dominados; com o desprestígio atual da Alcaeda, que chegou a ser festejada por intelectuais e gente boa equivocados; o mundo está mais blindado ao terrorismo do que estava no 11 de Setembro.
5. Ao chamar para sí a responsabilidade pela morte de Osama, Obama quis marcar seu protagonismo no fim e não no começo de uma temporada de terrorismo. Caso contrário seria cabo eleitoral de um republicano no ano que vem. Ninguém se convenceria de que o bom Obama pode ser mais durão do que um texas ranger.
6. Com isso está posto o argumento da campanha democrata: now, we really can. "Se não cumpri ainda com as expectativas do povo americano, é porque tínhamos a 'herança maldita' do terrorismo para adiministrar. Agora que matei a praga, posso trabalhar sabendo que minha gente está segura".

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Vídeo sobre Vigotsky para alunos de Primeiros PP.
Clique aqui.